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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Associação de contadores de histórias leva alegria e amor a pacientes mirins


Contação de histórias é uma atividade que agrada, diverte e educa qualquer criança. E se ela está internada em um hospital e as histórias são contadas por pessoas alegres e cheias de amor, a experiência tem efeito terapêutico, resultando em bem-estar durante o tratamento. A Associação Viva e Deixa Viver leva seus voluntários a hospitais, transformando a contação de história em momentos mágicos para os pequenos pacientes.

A Associação Viva e Deixa Viver é Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), criada em 17 de agosto de 1997 em São Paulo, por Valdir Cimino, e atua hoje nos estados da Bahia, Brasília, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Para realizar a contação de história nos hospitais, a entidade conta com o apoio de voluntários que passam por uma rigorosa seleção. No processo, os candidatos, que precisam ter mais de 18 anos, participam de palestras, vivências, dinâmicas e treinamento.

Para Fortaleza, a Associação foi trazida pelo odontólogo Fabrício Bitu, que conheceu o trabalho quando fez residência em São Paulo e se tornou voluntário. Hoje, a entidade é coordenada pelo administrador e contador de história, Alex Ferreira. De acordo com Alex, a Associação depende, além dos voluntários, da doações de livros infantis, balões, lápis de cor, massa de modelar e brinquedos. Saiba mais nesta entrevista que ele concedeu à ABN, por e-mail:

Agência da Boa Notícia - Você pode falar um pouco sobre o trabalho realizado em 2011? Quantos voluntários participaram, que hospitais foram beneficiados, fatos emocionantes que valeram a pena.
Alex Ferreira - Em 2011 tivemos um ganho em crescimento, pois passamos de seis para 20 voluntários, atuando inicialmente na pediatria do Hospital do Câncer ICC (atualmente Hospital Haroldo Juaçaba) e após novembro de 2011 realizamos a meta de retornar ao Hospital São José de Doenças Infecto Contagiosas - SUS (onde tudo começou). Em 2011 foram atendidas mais de 500 crianças e muitos foram os momentos emocionantes, alguns de vitória e infelizmente, outros de tristeza, pois o câncer ataca mais fortemente as crianças, que nem sempre vencem essa guerra injusta. Além de quatro oficinas (esculturas de balão e origami) realizamos trabalhos nas festas de São João (ICC) e Dia das Crianças (Bíblia & Cia, Lar Francisco de Assis, Pediatria do ICC e Brinquedoteca do Hospital São José), duas confraternizações no parque Adahil Barreto, com contação de histórias para as crianças presentes. Quanto ao valer a pena, tudo vale a pena, cada sorriso, cada gesto, cada mãe que pode sair para fazer uma ligação ou descansar um pouco, os profissionais que de sisudos passam a expectadores e até coadjuvantes na contação, nossa própria superação. Incontáveis...

ABN - A Associação já tem a data para seleção de voluntários em 2012? Quando será?
Alex - Já estamos no meio da seleção que se iniciou em novembro de 2011, então esperamos em abril ou maio realizar uma nova seleção.

ABN - Nas palestras, você fala que antes da seleção feita pela Associação, o próprio voluntário faz sua auto-seleção (para quem quero doar? o que quero doar? quanto tempo posso doar? É este meu momento pessoal para doar?). Você pode detalhar a importância dessa reflexão que o candidato deve fazer?
Alex - Nossa doação, mais que de tempo, é de amor e atenção, e nosso público que se encontra debilitado, estressado, cansado e até sem esperança, sem motivação, precisa desse amor, portanto, se não soubermos realmente para quem, o que, porque e se estamos prontos a doar, com certeza não teremos êxito e, além de nos frustrarmos, ainda frustraremos aqueles que tanto aguardam de nós.

ABN - Como o trabalho é desenvolvido? Como são definidas as escalas de visitas, escolha dos livros de histórias, acompanhamento dos voluntários feito pela Associação?
Alex - Toda a administração é realizada por mim, que envio mensalmente aos voluntários o mapa de escalas e eventos do mês. Então, cada voluntário escolhe e informa os dias e hora que fará a visita, só assim é que repasso para os responsáveis nos Hospitais parceiros. Os livros, em sua grande maioria, são de indicação do Viva e Deixe Viver - Sede SP. Quando não, utilizamos a técnica do bom senso, levando sempre leituras leves, com temas motivadores, engraçados, nunca de caráter religioso, ou que possam causar algum tipo de mal-estar no paciente e/ou acompanhante. O acompanhamento também é realizado por mim, em reuniões bimestrais, pelo e-mail ou oficinas. Caso o voluntário não esteja realizando o que colocou na escala, esteja faltando mais de um mês, é advertido e pode até perder a possibilidade de permanecer no Viva.

ABN - Há quanto tempo você participa desse trabalho e que avaliação faz dele? Que benefícios têm trazido para os pacientes, acompanhantes e equipe médico-hospitalar?
Alex - Estou no Viva desde 2009 e posso dizer, categoricamente, que a contação de histórias dá força e motiva os pacientes, diminui a dor e o cansaço, alegra os pais e movimenta a equipe. Sentimos na pele a mudança de comportamento.

ABN -. Para você, o que mudou depois de se tornar um contador de histórias
Alex - Além de [me sentir] mais alegre, sinto menos medo da doença e do hospital. Conhecer e lidar com pais e mães, ver sua força e dedicação. Estar junto de outros contadores e aprender com seus métodos e exemplos. A viver e deixar viver.

ABN - Qual o maior desafio desse trabalho? E como vocês o enfrentam?
Alex - A dor e o medo da morte, a própria morte. Estamos no fio-da-narvalha, diariamente, entre a dor/desespero/medo e a alegria/esperança/amor. Estar inteiros e fortes, não transparecer, sorrir. Eu, particularmente, enfrento sorrindo. Quando uso meu avental, é como se ganhasse um superpoder, me abstraio de mim e só penso na contação e no paciente. Não é fácil, mas é totalmente possível e maravilhoso.

ABN - O que de mais marcante já aconteceu para você durante essa atividade voluntária?
Alex - Um dia, em 2010, no HSJ, uma criança de 7 anos, chamada Mateus, abandonado pelos pais, com aids, hidrocefalia, problemas respiratórios (entubado), neurológicos (sem falar, andar), paralisia infantil e ainda com dengue. Com todo esse quadro, nem sabia se ele entendia o que eu estava fazendo ou contando mas, mesmo assim, fiz minha parte e ele, a seu modo, sorria. Me perguntava porque ou o que ele havia feito, mas no fim entendi que ele estava ali para me ensinar, para me mostrar o valor de cada dia. Fui duro, mas foi mágico.

ABN - Que recomendações você faz para um candidato, além dos critérios estabelecidos pela Associação?
Alex - Há sempre alguém com uma dor maior, com uma necessidade maior, e que precisa de você. Ouse, lute, saia da zona de conforto e curta a simplicidade do se tornar criança, se despoje da maturidade e se encha da felicidade de ser criança.

Contatos: Alex Ferreira - vivafortaleza1@hotmail.com / http://www.vivaedeixeviver.org.br/

Fonte: Agência da Boa Notícia – (fone: 85 3224 5509)
http://www.boanoticia.org.br/noticias_detalhes.asp?Cod=3606

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