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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Evangelização Infanto-Juvenil: a tarefa é sobretudo de Amor


SÔNIA VINAS

As tarefas desenvolvidas na intimidade da Casa Espírita, o amor é condição essencial para o trabalhador. Seja no serviço mediúnico, nas obras assistenciais, no atendimento pelo diálogo fraterno ou nas palestras públicas, há necessidade de muito amar. Amar a tarefa, a Casa Espírita que nos acolhe, o público que vem em busca de socorro espiritual. Amar, enfim, de maneira plena e incondicional, o serviço generoso que nos impulsiona a alma para o Alto.No leque de serviços disponíveis nas Casas Espíritas, a Evangelização Infanto-Juvenil surge como uma das que exigem as mais amplas cotas de doação e de amor.
Evangelizar é mais que ler planos de aula, sorrir para as crianças e voltar para casa.Necessário se faz que meditemos na amplitude da evangelização de crianças e jovens para o crescimento pessoal e coletivo. Analisemos de maneira clara e racional a extensão da responsabilidade que cabe ao evangelizador.
Colaboradores de uma obra muito maior do que supõem, nem sempre os evangelizadores se dão conta de que em suas mãos está depositada a co-responsabilidade pela formação de caracteres. As crianças que lhes chegam são Espíritos confiantes que contam com a sua colaboração para corrigirem erros cristalizados por um passado multimilenar.
Estamos todos na Casa Espírita para servir. Simplesmente servir. No caso da
evangelização, servir ao Cristo estendendo afeto e orientação a todos os meninos e meninas que de nós esperam auxílio mediante o exemplo e as lições evangélicas.
Amigos ou Espíritos desconhecidos, cabe-nos amá-los. Amá-los muito, como amaríamos um filho, um irmão, um amigo muito querido. Imprescindível ver em cada rosto infantil a expressão de um ser que nos é altamente caro.
Há quem se pergunte: Que criança é esta que me chega? Não importa. É apenas um irmão digno de ser amado. Olhe, pois, o seu evangelizando pelas lentes da ternura. Atente para as suas fragilidades físicas e morais. Veja-o como alguém que chega a um País distante, necessitado de um guia que lhe explique as regras do lugar e as normas de comportamento. Seja você esse guia, irmão e amparo fraterno. Estenda-lhe mãos generosas e palavras amigas. Compreenda-lhe as limitações, a eventual rebeldia e até um possível amor às trivialidades que o mundo oferece a mancheias.
Reconheça-o sempre como alguém que espera de você o melhor. Por isso, não abra mão da disciplina. Não essa falsa disciplina que se reveste de violência e exigências, mas a condução firme e fraterna de que lançam mão os sábios. Amar não significa concordar sempre, mas saber dizer – não – sem magoar, quando se faz necessário.
Sem perder a amplitude coletiva da tarefa, não nos enganemos: a evangelização também é oportunidade de sublime colheita no campo pessoal. Nessas ocasiões, muitos Espíritos que se ligaram a nós em múltiplas encarnações, retornam para colher de nossos próprios lábios as lições de amor e paz que lhes negamos outrora. Há também antigos amigos que voltam e que esperam de nós a condução segura. Negar-lhes-íamos isso?
Por outro lado, evangelizar é investir no auto-aprimoramento. Pequeninos e imperfeitos que somos, não devemos supor que estamos no serviço apenas para dar aos outros “aulas de evangelho”. Somos, sim, colaboradores de uma tarefa cuja imensidão nem avaliamos, e na qual fomos convidados a servir, a fim de que também aprendamos.
Tanto quanto os evangelizandos, somos necessitados das lições evangélicas
que transmitimos. Revista-se, pois, de humildade e creia: evangelizar é, também, auto--educar-se.
Por isso, se você evangeliza, ame sua tarefa, as crianças e jovens, a oportunidade de serviço no Bem. Não se deixe seduzir pelo desânimo nem imagine que a tarefa não está produzindo efeitos só porque seus frutos não são visíveis de imediato. Insista no trabalho, empenhe-se diariamente. Reencarnamos comprometidos com essa tarefa, que de nós exige persistência e boa vontade. A Doutrina Espírita nos ensina que o acaso não existe. Não imaginemos, pois, em nenhum momento, que as coincidências da vida nos levaram à evangelização infanto-juvenil. Estamos na tarefa porque aceitamo-la, quem sabe a solicitamos, alegando que ela nos resgataria séculos de equívocos no relacionamento com os semelhantes.
E se você imagina que sua contribuição é por demais pequenina e sem importância, vigilância redobrada! Somos, sim, pequenos colaboradores em meio à multidão de trabalhadores, mas, na obra divina, todas as peças têm relevância e cada um é necessário no lugar onde está. Se você faltar, certamente haverá quem venha cobrir a lacuna, mas isso não apagará o fato de que você abandonou o posto. Ninguém é insubstituível, mas não se pode esquecer o transtorno causado por quem se foi e deixou os demais sobrecarregados até que o substituto fosse encontrado.
Refugie-se, pois, no receituário do amor. Quando você diagnosticar qualquer
apelo para fugir ao dever, busque rapidamente o bálsamo amoroso. Contra a tristeza, amor ao próximo. Se a tarefa lhe causa stress, ame ainda mais. Se o dever lhe parece enfadonho, ame-o com dedicação. Amar sempre é o caminho apontado pelo Cristo.Tudo o mais é conseqüência.

REFORMADOR, Outubro, 1997 - 340
FEB – Departamento de Infância e Juventude

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